segunda-feira, março 06, 2006

A viver com ladrões

Vejo, o que vejo.
Mas invento.
Invento, porque não me chega o que há. Até porque me roubam tudo.
Materialmente. Espiritualmente, fico com os papéis.
Não consigo viver de outra maneira.
Parece que o perdi de repente, o buraco mental que ainda não passei a limpo.
Se estive par,
sou agora, dadas as circunstâncias,
ímpar
se tinha jeans, já não as tenho, nem coca-cola, batatas fritas, nem argolas de prata.
Roubaram-me tudo da mala do carro. Dois sacos da 'terra' cheios de mimo, camisolas sem borboto e os óculos da cigana.
Mas resta-me a alma e o moleskine.
Tenho que agradecer aos ladrões, não serem intrometidos e terem-me deixado como prémio de consolação:
o Moleskine, ajudante dinâmico do parapassaralimpo
um livro do Paul Auster
e duas revistas com o Lobo Antunes e a Frida Kahlo.
Valham-me os papeis. De toda a espécie.

explicação:
um dia depois de me terem tirado dois preciosos sacos de plástico do carro, estive impossibilitada de aceder ao blog durante uma boa hora, e assumo tive um ataque de pânico. Não sou de ferro.