segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Ruínas

A casa cheia de caixotes e de livros por ler. Tanta coisa à espera de ser arrumada. O Buena Vista Social Club a sair fanhoso da coluna que precisa de ser arranjada.
Está escangalhada como a coluna, precisava de um carpinteiro doce como Gepetto.
Não há nada que a impeça de fazer qualquer coisa construtiva a não ser ela própria. E os muros que vai erguendo entre ela e o resto do mundo. Muros de preguiça, existência interrompida. Faz um esforço, respira fundo, sente a alma descontente consigo própria. Todos brincam aos pais e às mães, às casinhas, aos escritores. E o que trouxeram dessa brincadeira para a vida a sério?
Que vida é essa?
Há bocados de insatisfação por digerir.
Perde a calma, procura-a debaixo da cama, entre sapatos, cotão e um lagarto que mora no lugar errado à hora errada.
Tanta vida por um fio.
Tanto fio por uma vida.
Custa crescer, é despropositado ficar pequenina. Não se identifica com a nova personagem.
Na escrita não deve haver medo, falsos pudores, puritanismo de trazer por casa para dizer à mãezinha que se benze meia dúzia de vezes ao dia. Coração ao alto. Um dia deste pega num pacotinho de açúcar e segue à risca aquilo que lá diz. Já segue, mas não consegue subir aos céus e sentar-se à direita do pai. Sente-se órfã de vida.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Ouve lá, aquela do brincar aos escritores é comigo? se nem eu me levo a sério tu não o deves fazer. acusei o toque. cya.

11:13 da tarde  

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