sábado, dezembro 10, 2005

One more time We wanna celebrate!

Tenho saudades dos meus amigos. De todos eles. Até daqueles com quem falo todos os dias. Todos fazem falta, mesmo os que se esfumaram do meu espaço sideral e vivem hoje noutra dimensão cósmica.
Das meninas com quem fiz enterros de pintassilgos em caixas de sapato nos quintais da vida, aos rapazes com quem esfolei os joelhos nas rochas quando estava convencida que era uma pescadora profissional de cabozes e caranguejos na ilha da minha infância.
Havia uma fada madrinha que dava açúcar à minha mãe para ela alimentar as formigas. Acho que é por isso que tenho a sorte de ter uma progenitora doce a quem apetece sempre dar beijinhos, mesmo quando me zango com ela.
Sei que as pessoas normalmente tentam controlar os seus ataques de saudosismo porque o que se quer é andar para a frente, (aliás é isso que dá rendimento à malta)...

Mas, apesar dos meus esforços não consigo ignorar o lado nostálgico que me assiste e que faz de mim um tubérculo a grelar constantemente banquetes opíparos, onde os mortos e os vivos da minha vida, estamos todos sentados numa mesa comprida a perder de vista no meio do campo, ou talvez suspensos em pleno oceano. Nenhum em especial.
Rimos, comemos e bebemos como se fosse Natal.
Quem quis trouxe consigo os seus zombies e fantasmas de trazer por casa, e, coexistimos todos em perfeita sintonia. Mandam-se umas bocas, insuflam-se os fantasmas, os entes queridos, trocam-se experiências, contam-se histórias menos próprias sobre uns e outros com tal displicência que as crianças choram a rir sem saber porquê. O menino Jesus também lá está. Alguém o imaginou um rapazinho negro praí com uns nove anos, que para alegria de muitos, já transformou uns belos litros de água num tintol V.Q.P.R.D. 13,5 de grau.
Que o miúdo é bom, não há dúvida, o pior é se é só uma metáfora bíblica para “dar de beber à dor”.
Os mais moralistas dizem que um miúdo tão pequeno não devia mexer em bebidas alcoólicas, mas há 2 milénios que JC não é consensual. As minhas crianças como são diplomáticas iniciaram-no num ritual dos seus dias e é vê-lo, ao Baby Jesus todo contente, a jogar Playstation a ganhar mais umas quantas vidas. Quando tenho saudades dos meus amigos, vou buscá-los aos confins de mim mesma.
E como sou um tubérculo e filha da minha mãe, gostava de ser uma batata doce. Os restantes participantes podem escolher qualquer produto hortícola com o qual se identifiquem. Não deixem de ficar alerta porque além da geada das noites frias, há os roedores que sugam a alma aos vegetais. Aí não há fantasma que valha por isso o melhor é ficar alerta com juizinho e cabeça fresca.