quinta-feira, janeiro 24, 2008

Sabes?

Sabes?
Tu és especial apesar de seres tanto um fogo-fátuo dentro da minha alma como um bocadinho de glaciar desgarrado. Sinto-te tão perto que sei que sempre que voares, vais voltar para te enroscar no ninho comigo.
Lá vamos vestir a pele de azuladas andorinhas patagónicas e depois despejarmos os sete caixotes com os tesouros que cultivaste a vida inteira, construiremos o nosso espaço com barro, gelo glaciar e gaivotas gigantes de Bariloche. O nosso ninho no beiral da manhã sideral.

Devaneio canino

Os cães de El Calafate à solta.
Ter comido de enfiada o gelado de Calafate.
Superstiçãozinha para voltar à Terra do Fogo.
Rédea solta.
Vi hoje uns poemas que mastiguei lentamente... sabiam a yerbamate, a malbec e à cara da índia velhinha Yamane que aparecia devagarinho sempre que fechava os olhos.
Estará viva ou morta?
Dizem que ainda vive em Puerto Williams...a única que os europeus deixaram escapar para ser vista como no jardim zoológico, é pena.
Podia estar incluída na Expedição do National Geographic mas seria de muito mau gosto!
As paisagens verdes escuras de Ushuaia pareciam páginas rasgadas de calendários rascas dos anos 80. Tão perfeitas que doíam nas artérias.
Ou seria do frio reconfortante? ai bebé foca que me comoves
Azul escura ou cinzenta como as veias que se deixam ver, a água do Canal Beagle. Escrevo para ontem. Ontem foi a vida inteira.