Macacadas

O mundo pertence aos macacos.
Trepam por cima de todos com um sorrisinho de malícia nos olhos.

Armam o circo e fartam-se de fazer macacadas.
A epidemia propaga-se. Vêem-se por todo o lado. Nos cafés, tertúlias e universidades burilam autênticos tratados sem os quais o mundo não seria mundo.
São tão imprescindíveis que estão mesmo convencidos de que são A peça, têm-no escrito em memorando, devidamente fundamentado. Para no caso de se esquecerem, apresentarem a prova cabal de que são conhecidos e importantes para todos os outros macacos.
Adoram dizer que conhecem A, B e C e que são íntimos de todos aqueles que brilham debaixo do néon das luzes da ribalta. Ouvem-se e idolatram aquilo dizem. Fazem eco na montanha e masturbam a voz à frente do espelho.
Excelente, fantástico, fabuloso.
Ah! E sim, sim já lá estiveram. EM TODO O LADO. Conhecem de perto os hotéis das estrelas de cinema.
As suas vidas davam para argumentos de uma sátira de Almodóvar. São megalómanos, pós-graduados e críticos. Compram obras de arte como se fossem fatias de queijo flamengo. Esquecem-se e despedem pessoas correctas e competentes.
A tenda está montada. Venham ao circo. Todos aplaudem e gostam de ver que bem vestido está o rei. Tal e qual como veio ao mundo.