quinta-feira, março 29, 2007

Ilusionismo

É difícil ficar aqui à espera que as letras formem palavras e que estas saiam de rompante para o guardanapo, teclado ou papel. Quando foi facilmente doentio não lhe dei importância, agora que não escorre simplesmente, sinto-me muda e esta mudez dá cabo do mundo interior que insisti em criar para viver nos últimos 20 anos abraçada à loucura latente. Dantes não era nada fácil ser cãozinho de circo, agora tem um glamour do raio, mas quem mais se presta a pôr-se em duas patas?
Só mesmo o homem, a mulher e o resto dos macacos do planeta.

A minha vida não é a minha vida. Não fui e não vim com X, Y e Z. Limitei-me a imaginá-los ou quando os tive varri-os como cacos partidos para debaixo do tapete e má espezinhei-os bem. A todos. Depois sorri ao espelho e disse:
- Ah! A mim ninguém me apanha!
Sou uma personagem de cabelo encarnado ao colo de um velho sem dentes que insiste em fazer-me, sem maldade, festinhas nas minhas mãos pretas de esgravatar na terra. À medida que vou escrevendo, vejo que não sou eu que me possuo, mas sim um ser errante que se apodera dos meus dedos e escreve que nem um louco só porque não está pelos ajustes de me ajudar a fazer os trabalhos de casa. Sempre foi assim, sempre que há prazos para cumprir ele domina a minha vontade. E tal e qual como no grande écran vejo pessoas reais a passar e transformo-as em fantoches para que não se revejam neste circo diabólico que pratico de vem em quando. Transformo comunistas em pombinhas da paz e beneméritos em capitalistas interesseiros. Desinteresso-me e chego à conclusão que odeio papelotes. Depois como diz a minha mãe todos têm a sua vaidade....

quarta-feira, março 14, 2007

Nada

Não devo ter nada para dizer mas tenho saudades de ser literariamente reivindicativa. Não vou falar, por falar dizer por dizer...será que um bocadinho de equilíbrio nos tira o vómito literário?
É uma fase, tem que ser uma fase senão ainda peço, rezo já não sei a quem para ser infeliz, só para voltar a ter nós e nós de raiva na garganta.